Um livro que resgata técnicas da astronomia indígena no Mato Grosso do Sul foi lançado na 64ª Reunião Anual daSociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Luís, Maranhão.O livro “O Céu dos Índios de Dourados - Mato Grosso do Sul” (Editora UEMS), de Germano Bruno Afonso e Paulo Souza da Silva foi escrito em guarani e português coma ideia de recuperar a tradição indígena de observação do céu.
A publicação é voltada para o ensino de cultura indígena (mas não exclusivamente para isso), usada por professores Guarani como referência para mostrar como esses povos procuravam o melhor aproveitamento dos recursos naturais. O livro teve origem no projeto 'Etnoastronomia dos Índios Guarani da Região da Grande Dourados - MS', cuja meta era reconstruir três observatórios solares em Dourados, sendo dois em escolas.
Segundo matéria do Jornal da Ciência, o livro, originalmente uma cartilha, poderia ser complementar a 'O Céudos Índios Tembé', que rendeu a Germano o Prêmio Jabuti de 2000. Após o livro dos Tembé, ele e Paulo Souza Silva ganharam uma bolsa de pesquisa do CNPq para trabalhar com os Guarani de Dourados. Em entrevista ao Jornal da Ciência, Germano explicou: "sabemos que esse trabalho é adaptável para todos os grupos da família Tupi-Guarani. Por isso fizemos um livro geral para professores, para eles aplicarem e modificarem de acordo com a cultura local. Um Guarani do Rio Grande do Sul não vê o céu da mesma maneira que um doEspírito Santo. A base é a mesma, mas o céu é diferente”.
A matéria do Jornal da Ciência expressa ainda o desejo dos autores de que esse conhecimento chegue aos bancos das escolas de todo o País, não apenas as que ensinam cultura indígena. Em entrevista ao Jornal, Silva afirmou:"a mitologia indígena, comparada com a Greco-Romana [usada na astronomia],é muito mais fácil de visualizar no céu”. E Germano concluiu: "Nós explicamos, de uma maneira empírica, assim como os índios fazem, as estações do ano, os pontos cardeais, as fases da lua, as marés e os eclipses, só por meio da observação da natureza. Qualquer criança pode começar a entender isso sem acomplicação matemática, então é uma maneira alternativa e prazerosa para ensinar também os não índios, antes de se aplicar a ciência formal”.
Para acessar a matéria completano Jornal da Ciência clique no link: http://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC719.pdf
Fonte: Jornal da Ciência